sexta-feira, 6 de novembro de 2009

[b. h., 1 p. m.]

eu vi algumas vezes nos cruzamentos tortos e indefinidos o grande monumento curvo do homem que não morre e rabisca guardanapos. não vi a colônia. me esperavas com a franja cobrindo o perfil e a chave em mãos. em não muito tempo tornei nosso o corredor, não importando a arrumadeira detrás de seu carrinho que não podia subir escadas. unhas me correndo sobre cobertores proibidos no quarto de ninguém. chuveiro de incêndio, janelas que não se abrem ao vôo. suores de um centro recendendo a gatos pretos. o sorvete de goiaba em pá de madeira sorvido na apreciação do mosaico. entre dois três saluts cortaste a boca que eu não desisti de morder. dá a mão, me leva por ali. ontem te esperei e os panos e as dobras te engoliram. hoje era o empório. houve o dia em que para o lado acenei o dedo cego e te prensei as costelas na minha frente, com força, querendo não desabar quatro estados de volta. as sombras entre ladeiras apertadas pelo retardo da partida. cheguei ao destino porque retornei ao começo, porque a recherche da navegação era em nova seara velha. portador de flores no cabaret do tempo, te estendi as taças diante da estação. e me estendeste nos veludos, e me desceste aos deliciosos porões do inferno onde ao som da lira transviada eras eurídice tensionando a não ser mais igual esta penélope. descerrei a pele e eras mais do que aquilo que podia envolver nesses braços xadrezes nas curvas que nos despediram para não mais cinco anos.

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por george frança