quinta-feira, 30 de abril de 2009

Bitch: no ponto.


over-e-dito
que pó-e-cia bitch
in-fluencia-ou
não
pó-e-cia marg-(ar)-inal.
ó,ver-a-cidade.
over.


renata gomes

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Bitch

estético
extático
movimento de piscar os olhos
farolfaroleando
para secar o rímel
indecídivel
e engolir
no seco
o beijo não pago.

estão jogadas as luvas.
estão roubados os dados.

eis o ponto.

_________________
Ev Brèal. [revisitando: Quinta-feira, 23 de Abril de 2009]

bitch art, na fila do ru


- só aceita cartão. nada de cheque.

terça-feira, 28 de abril de 2009

o futurismo, over

Acontece hoje o que se deu na Revolução Francesa, quando os revo­lucionários se comprouveram nos modos rústicos, nas roupas desleixadas, nas maneiras populares tão do gosto dos comunistas de hoje. O 9 Ter­midor trouxe de volta o luxo com as “merveilleuses” e os “incroyables”.

- por anton giulio bragaglia, junho de 1952

overbitch

três gritos escuros na falta de luz:
pai, onde está ele?
saltos descalços
vinte centavos
lingerie rasgada
sem Senhor
sim sinhor
um copo de gim
o grito das unhas na pele
a gillette oculta como verdade
v-a-g-a-b-u-n-d-a
de tônicas salientes
e nenhuma mentira
_____________
Ev. Brèal.

anotação para teoria do over

over não é under, não é sub, não é margem.

tampouco é hype, hiper, sobre, centro.

é confim menos hierárquico do que nobiliárquico. aristocrático.

mas sempre ultrapassável. duelável.

over é a um tempo exceção e excesso.

"it's over" designa a condição daquele que ultrapassou.

exagerado ou diferente? ambos.

fora ou além? os dois.

- por george frança.

in the movies

onde os olhos começam e terminam as pupilas começa a lição dos que não dão os lábios. executam ou exercitam (sabem eles lá ao certo) o quanto do movimento se dispende o longo de uma pequena cantada ou de uma grande literalidade.
tento me trair e é em vão.
o traço os uniu. ele e apenas ele de candente para dizer que havia uma linha aberta para a curva que buscaste descrever como parábola em mais de um grau. quase triangular.
derivas prosopopaica e ainda te chamas em feminino, terceira pessoa, singular. travestes e mostras ombros vermelhos. marcados e não-teus.

quaisquer reclamações, por gentileza dirigir-se ao setor competente.

- por george frança, entre o país de morfeu e as terras do sem-fim, a consciência e o delírio.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

over!

para verem que é quando se chega ao finisterra que uma série de tv pode se transformar em um blog que, se é over, é overbitch:



- por george frança, ev. bréal e renata gomes.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Escola de Mulheres

amores, nada de Moliére por aqui. não ainda. entre rímel e pós. muitos pós. coloridos oriundos dos alfarrábios velhos, pouca coisa resta - relembro a nobreza das marafonas e prostitutas: Babilônia. babando colônia não sei deixo as coxas aqui ou a ali, lanço mão deste nobreza inútil de terceiro mundo, respiro, ofego, me queixo coçando o queixo numa atitude de quem diz ai e esconde debaixo das unhas as palavras silenciadas. não, não uso soutien. movimento que conheço é apenas aquele santo: ascender sempre ao céus, com sua mão sobedescendo pelo longo das espáduas. tão literário....
nada de ser nobre no terceiro mundo. quarta dimensão. dedo fincado no fundo do olho no raso do espelho como uma lambida no bico do peito desconhecido. uma mordida como complemento.
não gosto de ser marginal, acho tão sem classe. over. demodé. procuro o vinho, agora quente. não sei. talvez um folhetim burguês lamurioso jogado à porta e esquecido desde o século XVIII. definitivamente, odeio vinícius. verdadeiramente, minha maquiagem definitiva como insígnia deste sangue que digo e repito e insisto e não mostro. hora de missa. hora de perverter o confessionário: eu sei que o que conto faz o padreco me desejar ainda mais, mas é bom isso que é bom... e desfio meu cruz-credo de rosário de mil-e-uma-noites tão bem acordadas que eu faço dele ali atrás da malha, diante de mim, assim no segredo, sei que ele sabe que jogo mas assim como eu-você jogar é o bastante, não?
deixo a coroa, o coroa, lavo a cara. hora de um pouco de make-up ao nu. luz de inverno. uso das coxas e deliro na paixão de cristo.
encerro por aqui e passo o pau.

over over.

- por Evandro Brèal.

bitch

querer, querer, fazer, doer, gemer, sentir, repetir. queremos as vergonhas à mostra, a toda prova. mais do que a alucinação da viagem. se disserem que nos prostituímos, nos exibiremos em indumentária de vinil ou de seda em todas as esquinas, em todas as páginas nada militantes nem tão milhares que por aí se vão desdobrando, desobrando. se tivermos que eleger uma musa, somente será dama se for dos batons borrados e do perfume, barato ou caro, o que seja, consumido pelo calor da carne tatuada ardente.
precisamos tocar. tocar mesmo o que contempla a câmera com cara cínica enquanto quatro, cinco, dez penetrações se dão a sangue frio, a borracha com relevos. todas as gotas do gozo sequestrado, as lubrificações retidas e os urros de quem se apoia no umbral da janela enquanto exibe as tetas aos vizinhos.
queremos os banhos nus, os robes de chambre e as banheiras de motel. seja lícita toda forma de baixaria, consentida e praticada, menos virginal e viridente do que desavergonhada e posta sobre a mesa, nos banheiros de qualquer quebrada ou nas melhores e mais recônditas camas.
apologetas da safadeza.
exegetas de coisa alguma, menos importados com discurso e forma do que com força, élan. pelo fim das autonomias, pelas homo, hetero, transnomias. o totem na figura do travesti. em ponto. fist. por todo o basfond irrevelado. o amor livre, a contrapelo, cravado em unhas nas costas e penteado nos pescoços manchados.
a delícia saboreada de um não bem dito. o sublime da recusa. o brilho de vero olho alheio mareado pelo que não consegue realizar. a deliberação suprema.
cantando com sade, surrando kant a golpes de pau mole enquanto marca suas horas. por muito mais que um leve desbunde em santa tereza ou em boate fechada. sem platonismos. sem heterotopias, utopias, distopias.
não somos alternativa ao sistema. não somos revolução. assistemáticos. soltos, devires. dançarinas penduradas em poles. espelhos cheios de marcas de dedos nos circundam. uma nota na calcinha. uma moeda jogada às costas. a quantia sobre o criado-mudo pela manhã. a alça da bolsa arrebentada. as ligas esfaceladas em um agarro supremo à cabeceira da cama. as meias arrastão esburacadas por tantos dedos quantos queiram o corpo não sacral, mas mordível. os carros balançantes nas beiradas de parques.
além até mesmo do uso, o abuso. petrificados totalmente, estirados em qualquer leito, a medusa de cabeça cortada e teseu extasiado. e tão assexuados quanto uma barbie e um ken. cheios de maquiagem, artifícios puros.
e o andar pelas ruas enquanto amanhece, sob os óculos escuros, com o cinismo da indignidade.

(nada de manifesto poético. a vida destarte.)

- por george frança.