I
le fleuve de m. clarice
é de lençóis em chamas
flutuantes e inexistentes
(o mar do leblon não é de lençóis)
em ipanema as mãos
II
o ônibus passava e a procissão corria
hirsuta
queria saber logo de vagar por todos os
pontos
uma trombada, um velho, cena de filme
até debaixo da terra tudo era aberto
ao redor da barca mar cerrado
(a ponte com ilusão de avalon)
de um lado, ainda, clarice,
doutro talvez rebelo
(espelhos espumam)
III
a barca não era sempre asséptica
nem o leito hospitalar
(entreverada a cama vermelha
e a zebra por travesseiro)
por vezes fumar vendo ao longe a catedral
a fumaça perdida no vento frio
dos aviões que sobrecruzavam
futuro perdido presente ahorístico
estou sem unhas
IV
depois que derrubei a parede
e contemplei ao fundo o vaso
e nunca fui ao fundo do copo
(o senhor me desceu rascante)
eu te vi de calças verdes e colete
(sem ás nos bolsos, puro valete)
para quem quis ser os bowies
um raio no rosto pode ser kiss
flashes (remind whose were them?)
luvas sem cortes
xadrez colado na pele
não para sempre
loura sem unhas feitas
V
quem tensionou a folha da palmeira
até desfibrilar para estender no chão
quem dormiu olhando a orla
e a estrela que sobe
a segurança providente manda que se vá para o lado
logo ali o passo das ondas é diferente
não pule na água
dormi(mos).
VI
eu precisei de algo com que cobrir
e da força nos goles
desisti de qualquer discussão para passar por debaixo dos arcos
sem coragem de me pendurar nos altos
e o garoto dançava nos paralelepípedos enquanto
deslizava o bonde
os moleques ca(o)ntavam e não deixavam a viagem seguir
no prédio velho de frente para os arcos
ele tangia o violão no apartamento azul sujo
terceiro andar, com sacada
- abraça mais forte, tenho medo que alguém me tome
VII
me cuida.
eu não passei pelas turistagens,
tinha algo como chamada de vampiro e
não gostava tanto de me expor ao sol
(tampouco da torrencialidade das lamas).
a academia de longe era sem arcadas, uma estátua
apenas queria vigiar pelo espírito
da letra sem sucesso
eu procurei a amiga narcisa
nos andares em que não abracei drummond
VIII
o mapa é praticamente igual: todo de triângulos
virados apenas para um lado.
metade da arte, metade dos astros abandonada.
desfilavam por cima da mesa todas elas em suas formas
fugidias entre fumaça (jurava que não haveria)
e as quis todas, não mais do que as mãos abaixo da mesa.
enlacei, e não foram as de lídia.
IX
no aviso de partida a corrida
do boletim de ocorrência
pernas doloridas de cada dança
roteiro histórico-colonial em olhares antigos
perdido por detrás dos óculos de onça
e do fumê perdido
no papel carbono da remington o registro da perda de identidade
agora em via civil você pode recobrar sua sede de ser outro
sacie num berro de perua ao passar a faixa
- toma este comprimido. há de te fazer menos mal
a conhecida companhia estranha
que estala de chegada junto com o tédio mortal
do passar de outra ponte.
- por george frança.
quinta-feira, 30 de julho de 2009
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Muito bom!
ResponderExcluirevandro rodrigues